Pedro de Artagão não para de “artagar” (e de expandir seu grupo gastronômico)
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Pedro de Artagão está “artagando” demais. Em bom carioquês gastronômico, como brincam os seus colegas, “artagar” significa converter-se “em um grisalho charmoso que observa a muvuca tomando seus negócios e os cifrões adentrando o caixa em estado de plenitude”. Um elogio bem-humorado cunhado pelo chef Elia Schramm.
Se o restaurante de Schramm, em Ipanema, no RJ, o Babbo Osteria, não tivesse fila de espera de segunda a segunda, diríamos que a definição vinha com uma pitada de invejinha. Por incrível que pareça, não é isso. Aos 44 anos, o chef Artagão é o fundador do Grupo Irajá e conduz 10 marcas sem criar picuinha com ninguém.
Do pioneiro Irajá Gastrô ao catering Pedro de Artagão Festa, concebeu o afrancesado Formidable Bistrot, o contemporâneo Cozinha Artagão, o quiosque sofisticado de praia Azur, o autoral e descomplicado Irajá Redux, o Galeto Rainha, o Boteco Rainha e o Boteco Princesa, reforçando a paixão e a compreensão das raízes e tradições da culinária carioca. Como se fosse pouco, a Bastarda Pizza também.
A partir desta semana serão 11 casas, visto que a pizzaria, até agora no estilo dark kitchen, ganhará um ponto fixo no Rio Design Leblon. Com os pontos do Rio e o Boteco Rainha, que tem uma unidade em São Paulo, o carioca empreendedor atende em média 40 mil pessoas por mês e prevê faturar R$ 40 milhões antes do ano virar.
Até lá, abrirá o primeiro Galeto Rainha no Itaim e duas casas na Barra da Tijuca (um Boteco Princesa e um Irajá Redux no Rio Design Barra). E, assim, chegar a “pelo menos o dobro” de faturamento em 2023.
“Nunca me vi como um empresário. Sou um cozinheiro e um diretor criativo. Venho trabalhando a formação dos colaboradores [atualmente seu time conta com 500] e colocando chefs mais jovens, com fome de crescer muito maior do que a minha, no dia a dia do fogão”, diz Artagão.
Discreto em relação aos negócios, diz que seus “aportes não são obscenos”. Por exemplo, para exportar o Boteco Rainha para o Itaim investiu R$ 2,5 milhões. E para abrir o próximo Princesa no Rio gastará R$ 1,5 milhão. O chef compartilha os investimentos com quatro sócios – Marcos Werneck, Guilherme Araújo, Gustavo Mariath e Thiago Magalhães.
“Aconteceu de eu empresariar, mas não foi programado”, diz ele. Antes de contrassenso, trata-se de um “ímpeto gastronômico” tão intenso que, por vezes, ele nem nota que, desde 2011, quando abriu o Irajá em Botafogo, já “artagou” muito por aí.
Com o Irajá, transferido para o Leblon no ano passado, ele marcou o cenário gastronômico local. Provou que era possível descomplicar a haute cuisine e arrematar diversas premiações tendo como hit o bolo de brigadeiro. Detalhe: o item, servido quentinho com calda de baunilha, é best-seller até hoje, batendo duas mil unidades todo santo mês.
O Irajá é ilustrativo, reflete a criatividade de “acariocar” os restaurantes, de desenvolver uma linha bistronômica com sotaque próprio. Pós-graduado em hotelaria de luxo, com chancela da Universidade de Lausanne, na Suíça, Artagão passou pelo extinto Le Pré Catelan, no Sofitel de Copacabana, despontou no Laguiole, no Museu de Arte Moderna, e “aconteceu” restaurateur há pouco mais de uma década.
Em meio ao caos pandêmico, não se reinventou – criou, cresceu e prosperou. Em outras palavras, de 2020 para cá, além da relocação do Irajá Gastrô e do Formidable (agora no Jockey Club), ele lançou a Bastarda (uma pizzaria de estilo nova-iorquino pensada para delivery), o Galeto Rainha, o Boteco Rainha e o Boteco Princesa no Leblon.
O sucesso desses três negócios é mensurável, dada as duas toneladas de torresmo servidas mensalmente por eles. Assim como pelo fato de o Galeto estar prestes a cruzar a via Dutra e ganhar uma “filial Faria Limer” até novembro.
Se outras marcas desembarcarão na Pauliceia? O restaurateur dribla a questão, mas confessa estar feliz com a vizinhança. “O Itaim se assemelha muito ao Leblon, é ao mesmo tempo bastante residencial e centro financeiro”. Além disso, ele não disfarça a empolgação com as filas de espera que ultrapassam duas horas no Boteco da Rainha, na rua Pedroso Alvarenga.
Fã de lagosta, assim como de empada, o chef entendeu, por afinidade, o paladar e o consumo de seus conterrâneos. E soube exportá-los ao paulistano. “Cada vez mais quero ter lugares que me deem vontade de frequentar, que resgatem tradições com excelência.”
No melhor estilo high-low, vai daí transformar seu crustáceo favorito em croquete e atrair tanta gente com chope, mas também com taças de vinho, às mesas e até às calçadas.
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