Um ex-Dell quer levar a Lenovo para a liderança dos servidores na AL
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Mais conhecida por seus computadores e smartphones (que levam a marca Motorola), a Lenovo tem um plano estabelecido para atingir a liderança de um mercado que movimenta US$ 2,8 bilhões na América Latina. ]
O setor em questão é o de servidores, no qual gigantes como Dell e Hewlett-Packard Enterprise (HPE) seguem na dianteira. No que depender da Lenovo, no entanto, isso pode mudar já nos próximos anos.
“Queremos atingir um sólido segundo lugar nos próximos dois anos”, diz João Bortone, general manager e presidente da Lenovo ISG para América Latina. A estratégia passa justamente pelo executivo que tem passagens por Google, Microsoft e Intel e ficou, os últimos dez anos, na Dell.
Em junho, ele deixou a antiga casa para assumir a divisão de soluções de infraestrutura (ISG) da companhia chinesa. Em entrevista ao NeoFeed, Bortone diz que o objetivo no longo prazo é fazer com que a Lenovo seja líder de mercado na região.
Terceira maior fabricante de servidores da América Latina com 13,8% de participação de mercado, a companhia precisa superar HPE e Dell. Essa última é a líder absoluta do mercado, com uma fatia de mais de 40,3% das vendas totais na região, segundo dados da consultoria IDC.
Não será uma missão fácil. Nos primeiros três meses de 2022, a Dell aumentou suas vendas no setor em 18,3% ante o mesmo trimestre do ano passado. A Lenovo não revela dados de crescimento, mas o NeoFeed apurou que o percentual da empresa é inferior.
A estratégia para crescer tem dois pontos principais. O primeiro está na ampliação nas vendas para clientes de grande porte e que demandam grande capacidade de armazenamento. “A Lenovo já vende para oito das dez maiores nuvens públicas do mundo. Muitas empresas já usam a nossa infraestrutura sem saber”, diz Bortone.
O executivo destaca que uma vantagem que ele acredita que a Lenovo tem nessa disputa é o fato de a companhia ter um portfólio “de ponta a ponta”, que inclui desde smartphones e notebooks até soluções de infraestrutura e serviços. A Dell não comercializa smartphones, mas é líder na venda de computadores no Brasil, segundo a IDC.
O segundo ponto do plano consiste em aportes em novas tecnologias. Um exemplo recente foi o investimento de R$ 60 milhões feito pela empresa para a construção de um centro de pesquisas focado em 5G em Natal (RN). É a quarta estrutura desse tipo da companhia no mundo, sendo a primeira no Brasil. Os outros polos ficam em países como China, Estados Unidos e França.
A ideia do novo centro é ajudar a entender as implicações no uso da nova geração de internet móvel. “O acesso ampliado ao 5G, por exemplo, irá aumentar a quantidade de dispositivos conectados e, consequentemente, a geração de dados”, diz Bortone. “O aumento no consumo de dados faz com que se precise de um data center que segure essa demanda.”
O balanço financeiro da Lenovo do segundo trimestre desse ano – o primeiro trimestre fiscal da empresa, mostra que o braço ISG foi responsável por 11,7% da receita total de US$ 16,9 bilhões da companhia no mundo. Foi a primeira vez que a divisão registrou receita superior a US$ 2 bilhões e o terceiro trimestre consecutivo com números positivos. A maior parte da receita (80,1%) veio da divisão de produtos.
A América Latina pode ajudar a inflar os números do segmento corporativo de infraestrutura. As vendas de servidores (o que exclui outros serviços de infraestrutura oferecidos pela Lenovo) movimentou US$ 2,8 bilhões na região no ano passado, segundo dados da consultoria americana Arizton. A previsão é de que essa cifra chegue a US$ 4,7 bilhões em 2027.
O Brasil deve ser peça-chave nesse crescimento. “Há uma repatriação de cargas de trabalho que estavam alocadas na nuvem e agora estão voltando para dentro das empresas”, diz Matheus Costa, analista de Pesquisa e Consultoria de Infraestrutura de TIC do IDC Brasil. O México também foi apontado como outro mercado com potencial de crescimento.
Por outro lado, Costa lembra que ainda há problemas a serem resolvidos. “O mercado brasileiro foi muito afetado pela falta de componentes”, diz o analista, que cita também o cenário macroeconômico como um complicador. “A inflação alterou o preço dos equipamentos com a variação do dólar. Houve um aumento no preço das unidades. Isso gera um receio nas companhias.”
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