PIB do 2º tri tem surpresas positivas com serviços e indústria, dizem analistas
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A alta de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre superou a mediana de projeções do mercado com surpresas positivas, e deve resultar em revisões das expectativas de crescimento no ano, afirmam especialistas ao CNN Brasil Business.
O crescimento trimestral foi o quarto consecutivo, com a economia brasileira acumulando alta de 2,5% no 1º semestre de 2022 e em nível 3% acima do patamar pré-pandemia.
Mesmo com a expectativa de um segundo semestre mais desafiador, com desaceleração, os números dos seis primeiros meses do ano superaram o esperado, o que deve ajudar em um crescimento anual também maior.
Serviços e indústria
O resultado do segundo trimestre surpreendeu positivamente, vindo um pouco melhor que o esperado pelo mercado, segundo o economista-chefe da MB Associados e especialista CNN Sergio Vale.
Vale destaca “números bons” de investimentos, com a Formação Bruta de Capital Fixo tendo alta de 4,8%, e no consumo das famílias, ambos acima do esperado.
Para ele, “o ponto central ainda é uma retomada de serviços, que tem sido o carro chefe da retomada pós-pandemia”.
Ele afirma ainda que o setor de commodities também tem tido um desempenho positivo, com as regiões com mais presença do agronegócio registrando os maiores níveis de crescimento, em especial de renda, o que também contribui para uma atividade maior.
Segundo o economista, as surpresas mais positivas foram na formação de investimento e na indústria, que cresceu 2,2%. Entretanto, não há como saber se o desempenho dos dois segmentos vai se sustentar no futuro.
“A indústria está muito fragilizada há muito tempo, ainda está em patamares de 10 anos atrás, e o investimento subiu por conta especialmente da agricultura e construção”, observa.
Já Juliana Trece, pesquisadora do FGV-Ibre, afirma que parte do desempenho melhor que o esperado está ligado a outra surpresa, no mercado de trabalho, com o desemprego caindo mais que o previsto e, com isso, contribuindo para um crescimento maior.
Ela destaca que todas as grandes atividades econômicas contribuíram para a alta, em especial serviços, com avanço de 1,3%, e com 11 das 12 registrando crescimento e a administração pública tendo um recuo pequeno.
“Praticamente todas as atividades terem crescimento não é algo muito comum. Foi algo positivo generalizado, não só focado em serviços ou indústria”, afirma.
Trece avalia que o crescimento da economia está diretamente ligado à continuidade dos efeitos de uma normalização do setor de serviços, que se recupera da pandemia.
Na separação por segmentos, foram os outros serviços, como bares e hotéis, que tiveram a maior alta, indicando uma liberação da demanda reprimida durante a pandemia.
Ela considera, porém, que boa parte dessa normalização já “está chegando ao fim”. Mesmo assim, o setor foi beneficiado por outros fatores, como os estímulos fiscais com a antecipação do saque do FGTS e do 13º salário, ajudando no consumo.
No caso da indústria, ela atribui o crescimento a dois segmentos, o de construção, que segundo a economista é beneficiado por um mercado de trabalho mais forte, e o de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, ajudado pela redução do uso de usinas termelétricas, reduzindo os custos de geração de energia.
Próximos trimestres
Trece afirma que, para os próximos trimestres, a expectativa é de um desempenho mais fraco, mas a atividade pode desacelerar menos que o esperado após um primeiro semestre mais forte.
“É difícil manter esse ritmo porque a taxa de juros elevada tem efeitos negativos na atividade econômica, e os juros têm uma defasagem, que deve ser sentida agora no segundo semestre”, explica.
O impacto da taxa Selic elevada deve atingir especialmente o mercado de trabalho e o consumo, mas ela afirma que ainda não há como saber se os números virão negativos ou apenas menores.
Além disso, há a incerteza do período eleitoral, que tradicionalmente gera uma cautela na economia, reduzindo contratações e investimentos.
A economista considera que “pode ter surpresa de uma desaceleração menor que o esperado”, em especial com efeitos pontuais positivos da redução da alíquota de ICMS sobre combustíveis, energia e telecomunicações e o aumento de R$ 200 no Auxílio Brasil.
“Não são coisas estruturais, são pontuais, mas podem acabar ajudando. O Auxílio Brasil deve ajudar principalmente na parte do consumo, mesmo com ele já tendo vindo forte no primeiro semestre, em especial o de bens não duráveis, como alimentos, remédios”, diz.
Vale afirma que ainda pode haver algum grau residual de normalização do setor de serviços no segundo semestre, mas mais fraco, com a maior parte tendo ocorrido na primeira metade do ano.
“Agora começa a ter efeitos de juros, inflação e um cenário internacional mais difícil, sai o efeito pós-pandemia, que chegou em seu pico”, avalia.
Para ele, é possível que o Auxílio Brasil maior ajude a economia, em especial a população mais pobre, mas em volume pequeno, sem mudar uma tendência de crescimento menor.
O economista diz que o PIB brasileiro vem sendo melhor trimestre a trimestre, mas que o atual pode ter sido um pico, com tendência de valores menores.
Mesmo assim, ele acredita que o valor abre margem para revisões de projeções tanto de 2022 quanto 2023, mesmo que o próximo ano seja mais fraco pelo cenário de juros, um ajuste pós-eleição e um ambiente internacional negativo.
Trece, do Ibre, afirma que o número do segundo trimestre “deve levar a revisões de projeções”. No caso do Ibre, que esperava crescimento de 1,7% em 2022, ela acredita que ocorrerá uma revisão para cima.
Após a divulgação do resultado, a Ativa Investimentos anunciou revisão para o PIB de 2022 de crescimento de 1% para 2%, citando “dados mais positivos do primeiro semestre”.
Na mesma linha, o banco Goldman Sachs elevou sua projeção de 2,2% para 2,9%, com previsão de alta próxima de 1% em 2023. A Genial Investimentos também informou revisão, esperando agora um crescimento do PIB em torno de 2,8% a 2,9%.
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