Implantação da EaD deve estreitar mercado de trabalho para professores no Brasil
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Estudos preliminares antes da pandemia já apontavam uma redução de dois terços do número de professores na educação superior em 10 anos
A educação a distância cresce e crescerá a passos largos no Brasil. O censo educacional de 2018 já havia apontado que o total de vagas oferecidas na EaD passou as ofertas em educação presencial pela primeira vez na história. Com a ampliação dessa oferta, a migração de cursos presenciais para o modelo semipresencial, e recentemente com a crise do coronavírus, estamos vendo a educação a distância se consolidar no ensino superior e adentrar também na educação básica, fato pouco imaginável alguns meses atrás. Com o crescimento da oferta de cursos na modalidade a distância, alguns problemas tendem a se destacar. Assim como ocorreu em outros setores, na educação não será diferente. Acredito que teremos uma redução considerável no número de professores no Brasil. Pegando como exemplo o setor bancário, em 1990 eram 732 mil bancários no país, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em 2018, o setor tinha 450 mil trabalhadores diretos (excluindo-se terceirizados), um corte de 282 mil vagas em 28 anos.
Já sabemos que nas universidades e faculdades que ofertam cursos a distância ou semipresenciais um mesmo professor leciona para muito mais estudantes do que na dinâmica presencial. A possibilidade de um professor ministrar aulas simultaneamente para várias turmas e para centenas e até milhares de alunos deve reduzir a necessidade de professores a médio e longo prazo. Por mais que mantenedores e gestores de redes insistam em dizer que não é fácil antever o que vem por aí. Estudos preliminares antes da pandemia já apontavam uma redução de dois terços do número de professores na educação superior em 10 anos. Agora, com ampliação da educação a distância em larga escala, esse tempo pode ser bem inferior. O problema é que essa redução também deve chegar à educação básica, principalmente no ensino médio. De todos os segmentos da educação básica, o ensino médio foi o que mais rapidamente se adaptou e absorveu a nova metodologia. Isso se deve principalmente a dois fatores: o aluno é mais autônomo e também já pertence à categoria dos chamados nativos digitais.
Assim, acredito que o mercado de trabalho deva se estreitar de forma considerável para professores da educação superior, educação profissional e ensino médio. Quando afirmo que teremos redução de professores, não quero em hipótese alguma comparar com os bancos no sentido de que a tecnologia tem substituído o trabalho dos bancários. Antigamente, precisávamos do bancário até para ver o saldo da conta. Com o avanço tecnológico, estamos ficando cada vez mais autônomos, a ponto de irmos muito pouco às agências bancárias. E quando vamos, na maioria das vezes, não precisamos de atendimento presencial. Na educação, esse impacto da tecnologia será diferente. Jamais o computador, a internet, os sistemas de busca substituirão os professores. No entanto, é possível, e será em breve uma realidade, vermos um professor que antes ministrava aulas para turmas de até 60/80 alunos passar a ministrar aulas para mil, dois mil ou até cem mil alunos simultaneamente.
A educação a distância, por permitir o ensino em escala (sua maior vantagem), permite aos alunos acesso aos grandes pensadores, escritores, pesquisadores e professores muito bem preparados, que podem ser muito mais bem remunerados, visto que o custo professor/aluno é imensamente inferior ao atualmente praticado nas aulas presenciais. Assim, acredito que as redes de ensino, principalmente as que ofertam ensino médio e cursos profissionalizantes, poderão fazer como já ocorre na educação superior, alterando a função dos professores, mesclando aí três tipos de atuação: a dos super professores, que ministrarão aulas a distância para centenas e milhares de alunos; a dos professores locais, que atuarão como mediadores do conhecimento atendendo um número bem maior de alunos e turmas; e a dos tutores, que atenderão turmas menores e terão o papel de serem orientadores de atividades, controladores de carga horária, presença e demais atividades realizadas nos momentos presenciais.
Uma das maiores vantagens para os alunos, sem dúvida, é a conveniência. O fato de poderem fazer um curso flexibilizando tempo e espaço contribui, e muito, para o acesso ao ensino para muitos estudantes. O preço das mensalidades, quando nos referimos ao ensino privado, também é um fator preponderante. Um curso superior ofertado a distância chega a custar 65% menos do que um curso presencial. Isso muda consideravelmente as possibilidades de um aluno cursar ou não uma faculdade. Se conseguirmos de fato expandir a educação a distância com qualidade é um ganho considerável para os alunos, para a sociedade (mercado de trabalho) e também para as instituições que ofertam os cursos. Aí forma-se um tripé considerável.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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