EXCLUSIVO: Embraer se torna sócia da XMobots e entra no mercado de drones
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Depois de embarcar no mercado de aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOL) com a Eve, startup criada dentro de casa em 2020, a Embraer está perto de anunciar a “compra de um assento” na XMobots, fabricante brasileira de robótica móvel e drones.
O NeoFeed apurou que a companhia entrou como única investidora em uma rodada série A. O valor do negócio não foi revelado, mas a Embraer será uma acionista minoritária com a opção de aumentar a participação em aportes futuros.
De acordo com fontes ouvidas pelo NeoFeed, a XMobots vinha recebendo propostas de fundos de venture capital. Quando a Embraer entrou na jogada, a conversa mudou completamente de ares. Trata-se de smart money na veia para uma empresa que aposta em mobilidade aérea.
Além do dinheiro, há a possibilidade de troca de experiências e desenvolvimento de tecnologia em conjunto. Mais do que isso: a Embraer poderá escancarar as portas do mercado internacional para a XMobots, companhia hoje mais focada no Brasil.
Fundada em 2007, em São Carlos (SP), pelo empreendedor Giovani Amianti, a XMobots é considerada a 14ª maior empresa de drones civis do mundo pela consultoria Drone Industry Insights e já tinha recebido um investimento de R$ 30 milhões, em 2019, da Confrapar. O NeoFeed apurou que neste deal com a Embraer, ela foi assessorada pelo Bradesco BBI e a Embraer atuou com a sua equipe.
A empresa se tornou referência, sobretudo, no mercado agrícola. Seus modelos fazem monitoramento de lavoura, mapeamento de problemas de plantio, medição de área, pulverização, entre outras funcionalidades para melhorar o desempenho das produções no campo. A Cosan, por exemplo, é uma de suas clientes.
Outra área em que a companhia tem entrado com sua expertise é no monitoramento de fronteiras. O Exército Brasileiro é um dos clientes da empresa nesse segmento. Os drones da XMobots também têm sido usados como ferramentas de segurança, monitorando plantas industriais. É também forte no campo de monitoramento de áreas ambientais.
Para ganhar mercado, a companhia, com 200 funcionários, atua em algumas frentes. Uma delas é vendendo os veículos não tripulados. A outra é comercializando o serviço, no que os executivos chamam de Plataforma de Drones as a Service. A XMobots também desenvolve softwares e IA para analisar os dados.
Com o dinheiro injetado pela Embraer, o plano da XMobots é entrar em novos segmentos. O primeiro deles é explorar o monitoramento de redes de transmissão elétricas. O segundo é trabalhar no transporte para plataformas de petróleo em alto mar. E, por último, colocar suas asas de fora e aterrissar no mercado de mobilidade urbana no qual o delivery tem um enorme potencial de crescimento.
Nesse segmento, uma empresa que está bem-posicionada é a Speedbird Aero, de Franca (SP). A startup é a única que tem autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar aeronaves remotas em caráter comercial. A startup se tornou parceira do iFood e já fez entregas em Campinas (SP) e Aracaju (SE).
No mercado global, o principal player é a chinesa DGI, uma gigante que domina cerca de 70% do mercado mundial de drones – com mais força no segmento recreativo. Mas há outros colossos da tecnologia que estão se movimentando para ocupar um lugar ao sol neste mercado.
A Alphabet, dona do Google, é uma delas. A bigtech americana é dona da Wing, um startup que foi incubada pela Google X a partir de 2018. Em 2019, a empresa recebeu o aval do Federal Aviation Administration (FAA), o órgão regulador da aviação dos EUA, para operar em território americano. Desde então, a empresa entregou mais de 250 mil encomendas.
Como ela, outras companhias de tecnologia estão entrando neste segmento que ainda é embrionário em todo o mundo. A Amazon lançou, em julho deste ano, o serviço Amazon Prime Air, com entregas por drones na região de Lockeford, na Califórnia, e em College Station, no Texas.
A empresa de Jeff Bezos afirmou que o serviço vai se popularizar rapidamente. Não é bem assim. Os drones para mobilidade urbana dependem de muitas regulamentações que ainda estão sendo discutidas. Ou seja, é um mercado que vai demorar para decolar. Em paralelo, o segmento de recreação e o de indústrias como agro, elétrico, segurança e petróleo, deve voar mais rápido.
De acordo com dados da consultoria Drone Industry Insights, em 2021, foram vendidos 828 mil drones e o mercado movimentou US$ 23,3 bilhões. Para 2026, espera-se que a venda de aparelhos atinja 1,4 milhão de unidades e alcance US$ 41,3 bilhões. A Embraer, definitivamente, sabe em que pista está aterrissando.
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