Em sua estreia em M&As, dona da Evino e Grand Cru entra no enoturismo
[ad_1]
José Renato Hopf, CEO da 4all (à esq.); Alexandre Bratt, CEO do Víssimo Group; Diego Fabris, fundador e CEO da Wine Locals; e Eduardo Souza, Digital Business Director do Víssimo Group
Era junho de 2020. Enquanto a Covid-19 impunha suas restrições e quarentenas, a Wine Locals nascia apostando em um mercado que, naquele momento, parecia ser um contrassenso: o enoturismo. Contra os prognósticos, a startup gaúcha colocou seu modelo à prova e atravessou a pandemia.
Agora, um dos grandes grupos do segmento de vinhos está embarcando na operação, disposto a degustar parte das receitas de um setor que deve movimentar, globalmente, US$ 29,6 bilhões em 2030, segundo a consultoria Statista.
Fruto da fusão entre Evino e Grand Cru, o Víssimo Group fechou a compra de 20% da Wine Locals, que segue tendo a venture builder 4all como sua acionista majoritária. Antecipado ao NeoFeed, o acordo, cujos valores não foram revelados, prevê a possibilidade de a holding de vinhos ampliar sua fatia na companhia.
“O vinho tem um papel que vai muito além do transacional”, afirma Alexandre Bratt, CEO do Víssimo Group. “E a sua experiência é muito rica. Ela fideliza o consumidor e faz com que ele evolua em suas escolhas. Com esse acordo, nós ficamos mais próximos dessa conexão.”
As conversas com a Wine Locals tiveram início em 2021, quando a startup desenvolveu projetos em parceria com a Evino. As negociações ganharam fôlego no fim do mesmo ano, a partir da fusão do e-commerce de vinhos com a Grand Cru.
“O enoturismo é o mercado mais sexy entre as jornadas dos consumidores de vinhos, mas é o de menor recorrência”, diz Fabris, fundador e CEO da Wine Locals. “Por isso, nós sempre tivemos o plano de avançar também para as experiências urbanas. E quando a Grand Cru entrou na história, foi a cereja do bolo.”
Antes, a empresa já tinha botado o pé na estrada para ir além da Serra Gaúcha. Hoje, seu portfólio tem opções como visitas e degustações em vinícolas, jantares harmonizados, piqueniques, bike tours nos vinhedos, produção do próprio vinho e eventos com enólogos.
O leque de preços também é amplo. O pacote atual varia de R$ 10 a R$ 1.190. Entre vinícolas, wine bars e restaurantes, a companhia atende mais de 60 clientes, como Casa Valduga, Salton, Miolo, Casa Perini e Luiz Argenta.
Além de formatar experiências para esses parceiros, com base em uma plataforma de dados coletados em sua plataforma, a startup tem uma área de marketing e de criação de conteúdos digitais para impulsionar esses projetos.
Com um modelo que inclui ainda um marketplace para a venda dessas experiências, a Wine Locals gera receitas a partir da cobrança de comissões sobre essas transações. A empresa movimenta cerca de R$ 1 milhão por mês e já vendeu mais de 120 mil experiências, 30% delas, nos últimos três meses.
“O enoturismo já não é mais uma tendência, é realidade”, afirma Diego Bertolini, consultor e especialista em vinhos. Ele observa que o setor está em plena “ebulição”, impulsionado por fatores como a maior procura dos turistas por viagens domésticas, e destaca a ainda a importância das experiências urbanas.
“O Brasil tem 89 milhões de consumidores aptos ao consumo de álcool que interagem muito pouco com o vinho e que não vão ser fisgados pelo enoturismo, que é mais nichado”, diz. “É um oceano azul de potenciais novos apreciadores que podem entrar nesse universo por experiências em suas cidades.”
Para atrair parte desse público, um dos primeiros passos com o Víssimo será incluir no roteiro das experiências urbanas as 127 lojas da Grand Cru, começando por cinco unidades em São Paulo e Porto Alegre.
“Hoje, 40% dos consumidores da nossa plataforma moram em São Paulo”, observa Fabris. “As lojas da Grand Cru são muito estratégicas, porque elas já têm esse público e uma demanda reprimida por essas experiências. Vemos muitas sinergias.”
Em breve, esse mapa ganhará novas opções. Com a previsão de faturar R$ 800 milhões em 2022, o Víssimo projeta fechar o ano com 140 unidades da Grand Cru. Em paralelo, vai começar a testar o formato na Evino, com duas primeiras lojas na capital paulista, entre outubro e novembro.
“Esse vai ser um driver importante de crescimento para a Evino nos próximos anos”, afirma Bratt. “Na Grand Cru, que já tem uma marca mais consolidada, estamos olhando critérios como cidades acima de 150 mil a 200 mil habitantes e com PIB per capita acima de R$ 20 mil a R$ 25 mil por ano.”
A partir do “blend” com o Víssimo, a Wine Locals também vai ampliar suas fronteiras. Depois de desembarcar no Uruguai, em março, por meio de uma parceria com a Bodega Garzón, a startup prepara sua chegada à Argentina e ao Chile, nos próximos seis meses.
A ideia é que a holding abra portas nesse percurso. No Chile, ela tem acordos com nomes como Casas Del Bosque e Errazuriz. E, na Argentina, Zuccardi e Nieto Senetiner. Outro destino dos recursos injetados com a entrada do Víssimo é a ampliação da equipe. O plano é dobrar o time de 23 funcionários até o fim do ano.
Além do vinho
Enquanto a Wine Locals inicia sua jornada internacional, o investimento na startup inaugura uma nova via para o Víssimo: os M&As. Capitalizada com um aporte de R$ 650 milhões do Vinci Partners, a holding planeja outros movimentos nessa arena.
Segundo Bratt, a tese inorgânica não está restrita a aquisições de fatias minoritárias, nos moldes do que foi feito com a Wine Locals. Há espaço para a compra do controle de operações, inclusive, de maior porte.
“Nós olhamos um tripé que inclui canais de distribuição de vinho e plataformas de serviços e experiências”, diz. “Um terceiro vetor é a expansão além do vinho, com a entrada em novas categorias.”
Esse último critério também está por trás de iniciativas orgânicas do grupo. A empresa acaba de criar a Drinksquad, plataforma que marca sua entrada na venda de destilados, com uma parceria já firmada com a Beam Suntory. As categorias gourmet e de acessórios completam o foco da holding nessa diversificação.
O vinho segue, porém, como protagonista no grupo, que detém uma fatia de cerca de 7% desse mercado. Em 2021, foram vendidos 489,4 milhões de litros da bebida no País, segundo a Ideal Consulting. Apesar da queda de 2% sobre o recorde de 2020, o volume representou um crescimento de 27,4% em relação a 2019.
Quem desponta como principal rival na categoria é a Wine. A empresa também vem investindo em uma estratégia multicanal, na busca para marcar presença em todas as jornadas de consumo do vinho e em aquisições. Em 2021, a companhia comprou a importadora Cantu, por R$ 141,6 milhões.
Com a Península e a eB Capital como sócias, a Wine ensaiou, por duas vezes, abrir capital. A empresa adiou o projeto, mas se registrou como companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), à espera da abertura de uma janela mais favorável. A Víssimo também não descarta seguir o percurso de um IPO.
“Hoje, o Vinci Partners não tem pressa para ter uma saída e nós não temos uma demanda para buscar um IPO”, diz Bratt. “Mas já somos um dos grandes players desse mercado e nosso roteiro é estarmos prontos.”
[ad_2]