Após boa fase em 2021, startups brasileiras enfrentam onda de demissões em massa
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Sem um projeto de crescimento, com uma folha de funcionários inflada e altos gastos, empresas enfrentam momento de crise após R$ 46 bilhões em captações em 2021
O mercado de Venture Capital vivenciou no ano passado uma boa fase, com volumes recordes de investimentos, sendo que as startups brasileiras somaram mais de R$ 46 bilhões em captações, mais do que o triplo de 2020, de acordo com dados da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP). Em 2022, a direção mudou e as startups enfrentam momentos difíceis com a diminuição de investimentos. Importante destacar que o Venture Capital está cada vez mais seletivo e muito atento ao compromisso do empresário para com o investidor, se cumpriu o que prometeu, alocou corretamente o capital e se tudo ocorreu como previsto e planejado. Caso positivo, certamente terá o apoio para novas captações, mas caso negativo e sem justificativas plausíveis pelos resultados não alcançados, dificilmente conseguirá novos aportes de investidores profissionais.
Nos últimos anos, surgiram diversas startups, com a injeção de elevados valores por investidores. No entanto, em uma parte delas, não existe projeto de crescimento, que ocorre de maneira desordenada, com inúmeras contratações, folha de funcionários inflada e altos gastos. A alta de juros e redução de liquidez, acompanhados de uma onda de pessimismo no mercado de investimentos de risco, impacta a velocidade de investimentos em empresas de alto crescimento. Além disso, as séries de TV “WeCrashed” e “The Dropout” colaboram para se criar uma percepção duvidosa desse mundo das startups. Assim, diante dessa situação de recursos escassos, crise, retração, inflação, recessão e juros e ainda, do fato de que os custos trabalhistas para o empresário no Brasil são elevados, a primeira área a ser afetada é o quadro de funcionários. Assim, ocorreram demissões em massa pelas startups brasileiras, incluindo unicórnios (empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão).
A condução dessas demissões em massa tem sido duramente questionada, já que estão sendo realizadas sem a formalidade que se esperaria do ato, em reuniões virtuais com outros inúmeros funcionários participantes e sem aviso prévio. As justificativas de que se tratam de questões econômicas ou de reestruturação das empresas não acalmam os ânimos, uma vez que os empregados são surpreendidos com a situação, e desligados sem uma avaliação ou feedback individual. Na era do trabalho a distância, que se intensificou após a pandemia, é possível falar-se em demissão por videoconferência, desde que não haja constrangimento aos empregados ou seja feita de forma vexatória. Caso contrário, o empregador correrá o risco de o empregado ajuizar uma reclamação trabalhista para recebimento de indenização por danos morais, e é comum que haja desabafos em redes sociais, que prejudicam a imagem da empresa, o que pode afugentar potenciais novos investidores.
Outro ponto relatado é que as empresas fazem recrutamento ativo após uma rodada de investimentos de venture capital, com a contratação de empregados que já estavam trabalhando em outros lugares e, com a falta de planos maduros de crescimento, mantém a pessoa por um período de 30 a 60 dias na empresa e a desligam. Isso é uma clara demonstração de falta de responsabilidade corporativa. Por outro lado, existem empresas que foram verdadeiros exemplos no momento das demissões em massa. Realizaram as demissões com transparência, discrição, compartilhando todos os detalhes de como chegaram àquela conclusão, o que seria feito para aqueles empregados demitidos, com atendimento individualizado e assistência, manutenção de plano de saúde por um período, ajuda para recolocação no mercado de trabalho e manutenção dos notebooks de trabalho com esses empregados desligados.
Diante disso, é importante que as startups chequem seus planos, mostrem os resultados aos investidores, equilibrem as contas, criem sustentabilidade financeira e apresentem um planejamento de futuro consistente com longevidade. Além disso, é necessário muito cuidado com as contratações sem planejamento a longo prazo e, se em último caso, for preciso a realização de demissão em massa, que seja feita com cautela, empatia, não apenas com a preocupação com um possível passivo trabalhista, mas também em deixar a porta aberta para o retorno daquele talento quando o negócio voltar a crescer.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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