A “lição” do Reino Unido sobre o que não fazer na política fiscal
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A turbulência que chacoalha as finanças globais neste início de semana foi semeada na sexta-feira, 23 de setembro, pelo governo britânico e tornou-se exemplo eloquente do que os mercados não esperam na gestão de política fiscal: aumento de gastos.
O Reino Unido decidiu cortar impostos e aumentar despesas com a intenção de expandir a economia em meio à maior pressão inflacionária em 40 anos.
O esforço não deu certo. Pior: derrubou a libra esterlina ao menor nível da história: 1,03 por dólar, a um triz, portanto, de romper a paridade com a moeda americana.
A moeda britânica desliza desde a sexta-feira e acelerou a migração de investidores para o dólar que voltou a se fortalecer ante as divisas das principais economias.
Mas não foi só isso. Revoada semelhante de investidores se deu no mercado de títulos soberanos europeus que enfrentam, nesta segunda-feira, 26 de setembro, uma reprecificação massiva para níveis históricos de alta.
Assim como a maioria das moedas que perdem terreno ante o dólar – incluindo o real que se desvalorizou cerca de 3% em algumas horas sendo cotado a R$ 5,40 – as bolsas despencam no mundo inteiro.
Em contraponto, é crescente a expectativa de que o Banco da Inglaterra anuncie um aumento extraordinário do juro básico.
A instituição divulgou nota informando que a instituição está acompanhando muito de perto a evolução dos mercados financeiros à luz da significativa reprecificação dos ativos, que fará uma avaliação completa de cenário na próxima reunião de política monetária e não hesitará em alterar as taxas de juros para trazer a inflação à meta de 2%.
A próxima reunião de política monetária no Reino Unido ocorrerá em novembro. No encontro passado, em 22 de setembro, a taxa básica subiu 0,50 ponto, para 2,25%.
Apesar do posicionamento do Banco da Inglaterra, as apostas sobre a alta do juro avançam. O mercado já precifica mais 2 pontos percentuais na taxa básica britânica até novembro. E para um ano depois – novembro de 2023 – as projeções apontam para 6,25%.
A pressão sobre o Reino Unido contamina os ativos da Zona do Euro, onde a retração das principais economias se faz presente e amplia prêmios de risco.
A pressão sobre o Reino Unido contamina os ativos da Zona do Euro, onde a retração das principais economias se faz presente e amplia prêmios de risco.
Na Alemanha, a confiança empresarial caiu em setembro ao menor nível em 28 meses, disparando mais um sinal de recessão no bloco que grandes bancos estrangeiros acreditam será instalada no quarto trimestre deste ano.
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), manifestou-se nesta segunda-feira, 26 de setembro e disse que os riscos para as expectativas de inflação estão em alta; a inflação vai continuar elevada por muito tempo; o BCE espera aumentar ainda mais os juros nas próximas reuniões; e a atividade econômica deve diminuir “substancialmente” nos próximos trimestres.
Na quarta-feira, 28 de setembro, Lagarde volta a fazer um pronunciamento. Do outro lado do Atlântico, nos EUA, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, também falará publicamente.
Uma força-tarefa do Fed, porém, já está mobilizada e terá ampla exposição ao longo da semana. A agenda da instituição prevê 12 manifestações públicas de integrantes do BC dos EUA.
É fato que a semana mal começou. Mas, por ora, dirigentes do Fed não fizeram declarações conflituosas quanto à última decisão do órgão que, na semana passada, elevou o juro em mais 0,75 ponto e apontou taxa crescentemente restritiva até o final de 2023.
O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que até que a inflação esteja controlada haverá mais volatilidade nos mercados e alertou que os bancos centrais agem de forma coordenada.
Menos positiva, Susan Collins, do Fed de Boston, declarou, também nesta segunda-feira, 26 de setembro, que há muita incerteza no cenário, que a missão número um da instituição é reduzir a inflação e que demorar na execução dessa tarefa vai piorar o quadro atual.
Collins reconheceu, porém, ser provável que a inflação americana já tenha atingido o pico ou esteja perto dele.
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