A bilionária Prosus aumenta aposta na AL e sai à procura dos próximos “iFoods e Nubanks”
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No mercado de venture capital, enquanto muitos fundos estão tirando o pé ou batendo em retirada da região, a Prosus (exNaspers) está começando uma ofensiva na América Latina.
A Prosus Ventures, seu braço de investimento em venture capital, acaba de estabelecer uma divisão para investir na América Latina e contratou Diego Gálvez, ex-Softbank, para sair à procura dos próximos unicórnios da região.
“Estamos otimistas com a região, apesar de a barra ter subido para novos investimentos”, diz Galvez, em entrevista ao NeoFeed. “Estamos à procura dos próximos iFoods, Nubanks e Mercados Livres.”
Com capital aberto na Bolsa de Amsterdã, a Prosus é uma gigante. Seu valor de mercado é de € 166,6 bilhões e a receita atingiu US$ 35,6 bilhões no ano fiscal terminado em 31 de março deste ano. Em seu portfólio global constam nomes como Tencent, gigante chinesa dona do WeChat, e a plataforma de educação online Udemy.
No Brasil, a Prosus é dona da Movile e do iFood. Nesta última empresa, ela adquiriu a fatia remanescente de 33,3% que a Just Eat detinha no principal aplicativo de delivery de comida do País, por € 1,5 bilhão em 19 de agosto, avaliando a companhia comandada por Fabricio Bloisi em € 5,4 bilhões.
Apesar desses dois ativos de peso, a Prosus ainda tem pouca participação em startups do Brasil e da América Latina. Por meio da Prosus Ventures, que tem aportados cerca de US$ 1 bilhão em 34 startups pelo mundo, a empresa investe em dois nomes brasileiros.
Um é a Kovi, startup de aluguel de carros para motoristas de aplicativo,em que coliderou com a Valor Capital uma captação de US$ 100 milhões em agosto do ano passado. O outro é na insurtech Azos, onde liderou um aporte de US$ 10 milhões em novembro de 2021.
Além deles, a Prosus Ventures tem participação em duas startups no México. A primeira é a 99Minutos, plataforma de última milha para e-commerce. E a segunda é o banco digital Klar.
Mas a ideia é não ficar nisso. Galvez explica que a Prosus vai buscar startups em seus primeiros estágios e que atuem em áreas como crédito, Software as a Service (SaaS) para pequenos e médios negócios e e-commerce.
“É um momento conturbado, mas estamos na ofensiva por causa da nossa visão de longo prazo”, afirma Gálvez. “Nossa atenção não está voltada para volatilidade de curto prazo. Ainda há incertezas sobre o que vai acontecer, mas temos alta tolerância para essas questões.”
Acompanhe os principais trechos da entrevista de Gálvez ao NeoFeed:
Como você percebe a evolução do ecossistema de startups na América Latina?
O Brasil, em termos de investimentos na parte tecnologia, tem liderado nos últimos cinco, sete anos, comparado com os outros países da América Latina. Há diversos unicórnios brasileiros listados publicamente, enquanto os outros países começam a reduzir a diferença. Vejo que a região caminhou bastante na última década. Nós investimos na região desde 2008, na Movile, e em 2013, no iFood. E fomos capazes de ter bons resultados com nossa abordagem de longo prazo.
O que a sua chegada ao cargo de diretor de investimentos significa para os aportes da Prosus em startups na América Latina?
Nós estamos aumentando nossa presença na região. Somos investidores desde 2008, não somos novos, somos bem conhecidos. E nossos investimentos foram bem-sucedidos. É um esforço para estarmos mais presente na região, capitalizando as oportunidades que existem. A situação macro é um pouco problemática, com inflação persistente, juros altos, tensões políticas. Mas, quando olha para o todo, existem trilhões de dólares em oportunidades na América Latina para investidores. Estamos otimistas com a região, apesar de a barra ter subido para novos investimentos. Estamos na ofensiva.
Por que vocês estão otimistas com o cenário de startups da região?
Vemos grandes problemas em um mercado enorme. São cerca de 665 milhões de pessoas, com a região tendo um PIB de US$ 5 trilhões, e 80% disso vem de Brasil, México, Colômbia, Chile e Argentina. É uma região com alta adoção de soluções tecnológicas, com Brasil e Argentina mais intensos na questão da adoção. A penetração de internet e aparelhos móveis é na casa de 80% e a Covid-19 acelerou a digitalização. Existem grandes problemas estruturais e ineficiências, desde baixa penetração de produtos financeiros, de seguros, adtech, SaaS. A outra oportunidade que vemos é o grande número de empreendedores com alta qualidade. Vemos uma melhora significativa ao longo das décadas, com uma melhor qualidade nos empreendedores, muitos deles em sua segunda ou terceira empresa, ao contrário do começo dos anos 2000, em que se tinha um grupo de pessoas que se podia contar na mão.
“A situação macro é um pouco problemática, mas quando se olha para o todo, existem trilhões de dólares em oportunidades na América Latina”
Como pretendem atuar?
O jeito que gostamos de trabalhar é construindo os líderes das categorias, gerando assim retornos acima do mercado. Somos parceiros de longo prazo e focamos em negócios que endereçam as principais necessidades das sociedades, em mercados com fortes perspectivas de crescimento e áreas da economia em que a tecnologia pode ter efeitos sobre o comportamento dos consumidores. Tendemos a começar cedo em nosso engajamento, em uma Série A e adiante.
Dentro das áreas de interesse, existem serviços e iniciativas específicas em que concentrarão as buscas?
Uma tendência que buscamos são oportunidades de produtividade. Vemos as empresas da América Latina, em sua maior parte, offline. Quando você vê as ofertas de softwares, muitos são ultrapassados e não estão na nuvem. Vemos enormes oportunidades em empresas que buscam atender pequenas e médias empresas, que representam quase 98% das empresas da região, mas não estão sendo produtivas quanto poderiam por causa do baixo nível de adoção de tecnologia. Queremos investir em empresas que estão ajudando essas pequenas e médias companhias. Outra coisa que estamos olhando são fintechs, porque a penetração de crédito ainda é baixa. O Brasil fez um ótimo trabalho em termos de pagamentos digitais, com o PIX, mas o restante da região ainda está muito atrás, usando principalmente dinheiro físico. Existem grandes oportunidades com contas digitais e cartões de débito e crédito de neobancos, assim como o aumento do consumo e dos pagamentos online.
Nesta parte de pagamentos online, a pandemia levou a um aumento de compras pela internet. O e-commerce é uma área que vocês estão também olhando?
Marketplace é uma área que gostamos e estamos vendo a verticalização de marketplaces. No começo, eles funcionavam como classificados, mas agora existem verticais sendo criadas que oferecem maior variedade de bens, melhor precificação e experiência ao consumidor. E estamos também olhando para qualquer facilitador de e-commerce. Estamos olhando para aqueles que estão surfando a onda do crescimento do e-commerce, como no setor de logística. Companhias que atuam na última milha de entrega e fulfillment, e também para empresas que estão desenvolvendo softwares para o setor, como a VTEX, que permitam aos comerciantes fazerem negócios online.
Vocês têm planos de anunciar investimentos nas próximas semanas nessas frentes?
Nós estamos aumentando nossa presença na região nos últimos dois anos, estamos constantemente nos encontrando com empreendedores e estamos buscando os melhores empreendedores e empresas. É só isso que posso comentar no momento.
As principais oportunidades para vocês estão no Brasil?
O Brasil está mais desenvolvido. Então, está mais à frente dos outros países da região, mas as oportunidades que vemos são as mesmas ao longo da América Latina. O Brasil é muito mais avançado em termos de pagamentos digitais, como se viu com a chegada de PIX em tão pouco tempo.
“Nossa atenção não está voltada para volatilidade de curto prazo. Ainda há incertezas sobre o que vai acontecer, mas temos alta tolerância para essas questões”
Diferentemente dos últimos anos, temos visto a inflação e os juros em alta afetando os investimentos em startups, desde os valuations até ao tamanho dos aportes. Isso está afetando a estratégia da Prosus no mundo e na América Latina?
É um momento conturbado, mas estamos na ofensiva por causa da nossa visão de longo prazo. Nossa atenção não está voltada para volatilidade de curto prazo. Ainda há incertezas sobre o que vai acontecer, mas temos alta tolerância para essas questões. Estamos à procura dos próximos iFoods, Nubanks e Mercados Livres.
Com a América Latina recebendo um olhar mais apurado da Prosus, isso significa que os investimentos vão crescer. Quanto vocês planejam investir na região?
Diferente de outros fundos de venture capital e private equity, nós não temos um orçamento alocado para os próximos anos. Vamos investir o máximo de capital possível de acordo com as oportunidades. Pelo mundo, nós investimos US$ 1 bilhão, sendo quatro investimentos na América Latina. Mas nós queremos fazer muito mais, porque tem muitas oportunidades. Ainda mais neste momento em que os investidores estão dando um passo atrás e não tem tanta tolerância em termos de tempo. É aí que entendemos que podemos agregar. Vamos investir neste ano, no próximo e ao longo da próxima década.
O cenário global conturbado está fazendo com que a Prosus reavalie seus investimentos?
Nossas empresas, falando de América Latina, estão bem capitalizadas, e têm espaço para encarar essa tempestade. Vimos os valuations caírem consideravelmente e isso está indo até os primeiros estágios dos investimentos. Então, estamos vendo uma correção dos valuations. Estamos tentando manter o nosso foco, de sermos disciplinados em nossa abordagem, com cuidado e próximos aos nossos parceiros para ajudá-los a lidar com essa tempestade.
Isso de alguma forma ajudou a Prosus encontrar oportunidades a valuations melhores?
Com os mercados realizando correções, tem alguns investidores internacionais que não tinham compromisso de longo prazo com a América Latina, estavam mais por questões oportunísticas. Esses começaram a deixar a região, o que nos dá um espaço maior para atuar. Quando você não é distraído por flutuações de curto prazo, vê a baixa penetração digital na região e olha para a próxima década, você encontra boas oportunidades.
Em que fases vocês pretendem entrar e como vocês vão atuar nas empresas?
Somos investidores de longo prazo, para os bons e maus momentos, não paramos na série B ou C, continuamos em frente. Nós deixamos os empreendedores trabalharem e sabemos quando precisamos atuar.
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