Desemprego cai nos EUA – mas medo da Delta faz sombra nas bolsas
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“Ah, se não fosse a pandemia, a gente…”. Ok que essa frase é aplicável para todos os dias há mais de um ano. Mas hoje especialmente ela é verdade: é que o Sars-Cov-2, na sua versão Delta, abafou um dado que tinha tudo para levantar o mercado lá fora – e, por tabela, ajudar o daqui, que não fechou mal: 0,97%.
O mês de julho resultou em um forte número de empregos para os Estado Unidos, revelaram os dados do payroll liberados hoje. Foram 943 mil postos de trabalho criados, acima da expectativa de 900 mil – e da prévia pessimista do relatório da ADP, que saiu na quarta (04). Com isso, o índice de desemprego no país caiu para os menores níveis desde o começo da pandemia: 5,4% (era 4,4% em março de 2020).
O mercado gostou. Bom, mais ou menos. O payroll é um dos dados mais esperados dos investidores porque ele ilustra bem a retomada econômica do país. Com os dados positivos, a bolsa sobe. Foi isso que aconteceu: S&P 500 fechou em alta de +0,17%, renovando seu máximo histórico de 4.436 pontos. Não é uma porcentagem monstruosa, mas o índice já havia subido ontem e atingido o seu então recorde. O Dow Jones também renovou sua máxima hoje (veja abaixo).
Só que os analistas foram unânimes em lembrar que o mercado poderia ter se animado mais, não fosse uma grande preocupação: o aumento de casos da Covid-19 no país, liderado pela variante Delta do coronavírus, identificada pela primeira vez na Índia. Essa versão do vírus já é responsável por mais de 93% dos diagnósticos positivos nos EUA.
E mais: os dados para o payroll de julho foram coletados na primeira metade do mês, e o mercado considerou que eles já nasceram meio desatualizados, já que a delta decolou de vez por lá no fim do mês. Ainda não dá para saber o real impacto que o endurecimento da economia terá no mercado de trabalho americano.
Pandemia dos não-vacinados
Os Estados Unidos têm uma taxa relativamente alta de imunização: 58,2% da população total já tomou pelo menos a primeira dose, enquanto 50% está completamente imunizada com duas doses ou a dose única da Janssen (no Brasil, esses números são, respectivamente, 49,6% e 20,9%). Só que a campanha perdeu força depois do massivo esforço nos meses anteriores, quando o país aplicava mais de três milhões de vacinas por dia – hoje, são cerca de 600 mil.
E nem pense que foi por falta de doses – elas estão sobrando. O problema é que muitos americanos simplesmente não aparecem para se imunizar. Chegou ao ponto em que empresas e governos locais estão tentando incentivar o processo oferecendo recompensas e brindes para quem se vacinar. Não está adiantando muito: o The New York Times calculou que pelo menos um milhão de doses foram descartadas no país porque passaram do prazo de validade esperando os bracinhos.
A delta até diminui um pouco as porcentagens de eficácia das vacinas contra casos sintomáticos – que passam a 88% no caso da Pfizer e 60% no caso da Astrazeneca, segundo dados do Reino Unido. Mas, com duas doses, os imunizantes ainda mantêm altas taxas de eficácia contra casos graves da doença e mortes. Ou seja: mesmo com os casos subindo, o número de mortes se mantém baixo entre os vacinados.
O problema é que a variante é bem mais transmissível que a versão original que surgiu lá em Wuhan – essa versão do coronavírus é tão transmissível quanto a catapora, segundo o CDC americano. Quem não está protegido, e é gente para caramba, está mais exposto do que nunca.
O grosso dos casos vem justamente de estados com taxas de vacinação abaixo da média nacional, como Flórida, Arkansas e Louisiana, este último com apenas 37% dos habitantes totalmente vacinados. Muitos desses locais estão passando por suas piores fases da pandemia.
Resultado de tudo isso: o CDC americano voltou atrás da sua recomendação anterior e agora sugere que todos os americanos, mesmo os totalmente vacinados, devem usar máscaras em ambientes fechados – já que vacinados assintomáticos podem transmitir a delta para não vacinados.
É um aviso também simbólico, de retrocesso no combate à pandemia. Mesmo que medidas de isolamento mais duras como lockdown ainda estejam, por ora, fora de vista, o medo do vírus está voltando. Com ele, vem o receio de sair de casa e, portanto, de gastar. Aí a economia perde força.
No Brasil
Por aqui, o Ibovespa fechou a semana em alta também: 0,82% de segunda-feira para cá. Chega a ser surpreendente diante do cenário político, mais conturbado que o de costume. José Olympio Pereira, presidente do Credit Suisse, chamou a atenção para isso. Disse em entrevista ao O Globo que o mercado está ‘surpreendentemente leniente’ com a crise institucional.
Grandes nomes do mercado brasileiro, pelo menos, não ficaram parados diante do arroubo bolsonarista de não realizar eleições caso o tal voto impresso não seja instituído para 2022. Magazine Luiza, Itaú, Natura e BRF, entre outras, assinaram um manifesto em defesa da realização de eleições.
De resto, a Fiocruz alertou hoje que a variante Delta pode começar a causar seu estrago também por aqui. Ela já circula em cidades brasileiras, mas, por enquanto, não se tornou dominante; os cientistas da Fundação alertam, porém, que o que aconteceu nos EUA e em outros países pode rolar por aqui também, mesmo com o cenário atual de queda nas mortes.
De certa forma, já está acontecendo. No Rio de Janeiro, houve um aumento de 45% no número de casos (média móvel) desde o final de julho. Isso levou à suspensão das aulas presenciais em 36 municípios, incluindo na capital.
Eduardo Paes, o prefeito do Rio, chegou a programar uma festa de quatro dias, entre os dias 2 e 5 de setembro, para comemorar “o fim da pandemia”, com DJs na orla e tudo o mais. Agora Paes ficou mais pianinho: “Se continuarmos com o registro de aumento de casos, a tendência não é de abrir. É de fechar mais”, disse hoje. Pois é. Ao que tudo indica, os excessivamente otimistas têm esquecido de combinar com o vírus na hora de fazer suas previsões para o futuro.
Até segunda.
Maiores altas
Eletrobras: +4,08%
Embrear: +3,27%
IRB Brasil: +3,19%
Banco do Brasil: +3,04%
Ambev: +2,88%
Maiores baixas
Lojas Americanas: -2,41%
Fleury: -0,95%
Hapvida: -0,90%
Totvs: -0,71%
Minerva: -0,70%
Ibovespa: +0,97%
Em Nova York
S&P 500: +0,17%, aos 4.436 pontos
Dow Jones: +0,41%, aos 35.208 pontos
Nasdaq: -0,40%, aos 14.835,76 pontos
Dólar: +0,40%, a R$ 5,2363
Petróleo
Brent: -0,83%, a US$ 70,70
WTI: -1,17%, a US$ 68,28
Minério de ferro: alta de 0,56% em Qingdao, cotado a US$ 172,51 a tonelada
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